Depois de muitos meses de treinamento, quando o atleta amador consegue
completar uma corrida de 10 km, parece que um sinal em seu cérebro envia
automaticamente uma mensagem: VOCÊ PODE CORRER MAIS !
Empolgado, logo a criatura e se inscreve em uma meia maratona (21 km) e justifica para os “amigos não corredores” que ele quer apenas completar a prova. Sim, ele está buscando saúde, apenas isso.
Empolgado, logo a criatura e se inscreve em uma meia maratona (21 km) e justifica para os “amigos não corredores” que ele quer apenas completar a prova. Sim, ele está buscando saúde, apenas isso.
Na largada da meia maratona, além do desafio de conseguir correr os 21 km, ele escuta muitas pessoas falando em fazer um tal de “sub2”, como se isso fosse uma questão de honra.
O que é um sub2?
Agora já não dá mais tempo de descobrir, pois o tiro de canhão anunciara
o início da prova.
Animado por aquela atmosfera de atletas com cara e jeito de profissionais,
a largada aconteceu como se o mundo fosse acabar. Todos correndo na mesma direção e
o mais rápido possível. Sobreviver a esse ritmo alucinante não seria uma tarefa
fácil. Existiam muitas coisas para se administrar naquele momento. Da vontade de
fazer xixi à falta de energia no quilômetro 16, do corpo pedindo para parar à
cabeça mandando continuar. Esse equilíbrio seria difícil de estabelecer. Razão versus emoção. O atleta decidiu ficar
com a emoção e correu com o coração. Adiante, a placa do quilômetro 20 seria o
incentivo que faltava para disparar e ultrapassar vários corredores que tinham
“quebrado” no trecho final. Nesse momento, a gente se sente um herói alcançando
a glória de um atleta olímpico. O sorriso finalmente surgiu.
Passando pelo portal, o relógio marcava 01:59:50. O atleta amador, que
ainda não tinha cara de profissional, recebia os cumprimentos dos “amigos
desconhecidos” como se ele, agora, fosse especial. Muito especial.
Mas o que isso quer dizer?
Inicialmente, que muitas dores surgirão, como se o corpo estivesse protestando pelo exagero cometido. Depois, no dia seguinte, que você caminhará todo esgulepado. Logo os amigos “não corredores” vão perguntar ironicamente se isso de fato faz bem para a saúde, fazendo um gesto negativo com a cabeça. Geralmente isso acontece porque eles nunca experimentaram os efeitos da endorfina, os efeitos que um sub2 na meia maratona pode proporcionar à cabeça de uma pessoa comum. É uma delícia. É como se você chegasse ao paraíso.
Mas o que isso quer dizer?
Inicialmente, que muitas dores surgirão, como se o corpo estivesse protestando pelo exagero cometido. Depois, no dia seguinte, que você caminhará todo esgulepado. Logo os amigos “não corredores” vão perguntar ironicamente se isso de fato faz bem para a saúde, fazendo um gesto negativo com a cabeça. Geralmente isso acontece porque eles nunca experimentaram os efeitos da endorfina, os efeitos que um sub2 na meia maratona pode proporcionar à cabeça de uma pessoa comum. É uma delícia. É como se você chegasse ao paraíso.
Entre o paraíso e o período de recuperação, um amigo telefonou e disse que se lembrou
de você, pois havia recebido um email anunciando uma corrida de 42 km. “Hã!
Como assim? Não, de jeito nenhum! Não tenho lastro para participar de uma
maratona. Correr por horas seguidas com esse sol aí fora é coisa de louco.” Afirmações precipitadas para quem tinha dado sinais de que já era um
viciado nos quilômetros...
Mas aquele diabinho ficaria ali, no “pé do ouvido”, tentando: “Quem
corre 21, corre 42 !”
Adivinhe o que aconteceu? Acertou!
Adivinhe o que aconteceu? Acertou!
Com a inscrição da maratona efetuada, agora o longão e o gel de
carboidrato passariam a ser, respectivamente, a principal atividade semanal e o
item indispensável da feira durante os próximos três meses. Nesse período, o
aspirante a maratonista compraria muitas revistas especializadas no assunto e
tentaria compreender uma pouco mais sobre o universo das maratonas.
Inscrição feita, passagem comprada e hotel reservado. Chegou o grande dia da maratona, da estreia na bela distância. Depois de três meses treinando, sonhar com um "sub4" fazia parte dos seus pensamentos. Embora isso não fosse prioridade, parece que a reputação do candidato à maratonista estava em jogo.
Inscrição feita, passagem comprada e hotel reservado. Chegou o grande dia da maratona, da estreia na bela distância. Depois de três meses treinando, sonhar com um "sub4" fazia parte dos seus pensamentos. Embora isso não fosse prioridade, parece que a reputação do candidato à maratonista estava em jogo.
Infelizmente, aquela não foi a melhor experiência de corrida de sua vida. Nesse dia, o verbo se arrastar foi conjugado
com perfeição. Dessa vez, o atleta foi um “sobre5”. Que decepção!
Na chegada, todo doído e abatido, a decisão de nunca mais correr uma maratona já estaria tomada.
Na chegada, todo doído e abatido, a decisão de nunca mais correr uma maratona já estaria tomada.
Passados alguns dias da fatídica experiência, a curiosidade em saber
notícias da frustrada maratona era mais forte. No site da prova, o corredor encontrou
a sua foto. Ficou feliz e sorriu. Depois, entrou em muitos blogs de corredores
amadores que comentavam sobre a prova e contavam as suas histórias, verdadeiros
apaixonados pelos quilômetros. Descobriu uma energia inexplicável naquele
universo das corridas e dos blogueiros. Leu atentamente cada post e seus
respectivos comentários. Cada corredor contando sobre suas estratégias, angústias,
sonhos e histórias de maratonas. Percebeu que essas pessoas pareciam muito felizes
e que tudo isso fazia muito bem para a cabeça, como se fosse um remédio para
todos os males.
Em um dos blogs, viu a propaganda da ultramaratona DESAFIO 100 km DO FRIO (Caruaru x Garanhuns) e ficou pensando: "Será que eu consigo?"